quinta-feira, 22 de maio de 2008

Força Aérea podia assumir responsabilidade pela manutenção dos helicópteros "EH101-Merlin"

O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Luís Araújo, disse hoje à Lusa que "não sabe" por que motivo não foi atribuída à Força Aérea a responsabilidade pela manutenção dos novos helicópteros "EH101 Merlin".

"Essa é uma boa pergunta, mas não lhe sei responder", afirmou o General Luís Araújo, à saída da Comissão Parlamentar de Defesa, ao ser questionado pela Lusa sobre os problemas de manutenção e de sobressalentes do Helicóptero "EH101".
"Vim falar sobre a problemática do helicóptero EH101, no seu todo e não apenas sobre a sua manutenção", disse.
"Sabe quem é que está a fazer a manutenção da frota dos "EH 101" que já tem 6 mil horas de voo?", perguntou e respondeu: "Como não há contrato, é a Força Aérea que tem feito essa manutenção e tem-na feito bem e com certificação de fábrica".

Para o General Luís Araújo o problema não é de mão-de-obra especializada, mas de fornecimento de sobressalentes por parte da AugustaWestland e de dinheiro.
"Portanto quem tem feito a manutenção da frota que já tem 6 mil horas de voo tem sido a Força Aérea", afirmou.
"Eu também questiono porque é que o "EH101" é o único aparelho cuja manutenção não está atribuída à Força Aérea", disse.
O General Luís Araújo faz questão de sublinhar que apesar de "não estar atribuída à Força Aérea, essa manutenção tem sido efectivamente realizada pela FAP".

"Porquê? Não sei. Mas foi assim que ficou determinado no contrato assinado em 2001 entre o Estado, a Defloc e a AugustaWestland", declarou.
"O que a Força Aérea tem feito, desde 2001 até agora, foi pedir, várias vezes, a quem de direito, que isso seja alterado, mas a nossa pretensão nunca foi acomodada", explicou.
"Eu e o meu antecessor escrevemos por diversas vezes que a responsabilidade pela manutenção especializada devia passar para a Força Aérea, mas isso nunca foi aceite e nunca fomos contemplados com essa decisão, declarou.

"Mas o que é certo é que estamos a fazer essa manutenção na prática", disse.
"Ou somos nós que a fazemos e transferem essa responsabilidade para nós (e o dinheiro) ou não somos (alguém que a faça), mas não continuamos com essa responsabilidade connosco. A meio caminho é que não", sublinhou.

O Governo vai assinar em breve um novo acordo de manutenção e fornecimento de peças com a AugustaWestland, cujos contornos financeiros não foram divulgados.
"A prontidão dos EH-101 Merlin continua a ser muito baixa", confirmou, acrescentando que a FAP só dispõe de um total de 12 aparelhos de 5 helicópteros operacionais, dos quais dois estão no Montijo, um no Porto Santo e dois nos Açores.
"Este número é suficiente para assegurar a missão de busca e salvamento, mas eu gostava de ter uma prontidão superior", declarou.

Interrogado sobre o ponto de situação do contrato de manutenção destes aparelhos, Luís Araújo revelou que o problema continua a ser a falta de sobressalentes.
"Esse problema ainda não está resolvido", afirmou, salientando "não saber" quando vai ser assinado o referido contrato de manutenção.
"De qualquer forma não é no dia seguinte que chegam as peças sobressalentes", acrescentou. "Determinei a regeneração de alguns helicópteros "Puma" e vou propor ao senhor ministro da Defesa a possibilidade os colocar em operação, face ao problema da falta de peças dos EH 101, mas para já ainda não há nenhuma decisão", acrescentou.
Créditos Fotográficos: L.Marques (Força Aérea Portuguesa)

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